Aprendizagem: importância da sensação e da percepção
- fatimamoreira2007
- 10 de jul. de 2015
- 5 min de leitura

Muitos foram os pesquisadores e estudiosos do comportamento a se debruçarem sobre o estudo e compreensão acerca do comportamento humano. A grande interrogação é saber o que faz uma pessoa escolher praticar uma ação em meio a outras opções. Compreender este processo decisório implica em estabelecer a relação entre a estrutura da personalidade e do desenvolvimento de um indivíduo, como também as consequências de seus atos, ou seja, que tipo de recompensa se quer obter quando se faz algo. Possivelmente seria qualquer ação, considerando que uma pessoa visa à própria satisfação.
De acordo com alguns dos principais teóricos do desenvolvimento humano e da personalidade, essa é uma construção do indivíduo e que depende de vários fatores. Ainda que alguns privilegiem a experiência social e outros a maturidade biológica, todos são unânimes em afirmar em seus postulados que a infância é de fundamental importância na formação de uma identidade própria. Esta personalidade, à medida que os anos passam, acaba marcando um jeito de ser, peculiar apenas à própria pessoa, que internaliza hábitos, costumes, fala, modos, desde os mais simples às decisões mais importantes na vida, como onde trabalhar e quem vai escolher para viver. Compreender esses processos auxilia o trabalho de investigação acerca da importância das experiências vividas ao longo da vida e a força que cada experiência tem sobre uma pessoa.
Durante todo este processo de desenvolvimento do ser humano, seja afetivo, motor ou cognitivo, a aprendizagem é o elo existente entre o conhecimento e a assimilação deste e, consequentemente, de seu uso, conforme seus desejos e necessidades. Ainda é sabido que todos, ao aprenderem, estabelecem padrões ou vícios de comportamento; entretanto, é inegável que apesar da verdade contida em tal afirmativa é válido lembrar que o processo de obtenção da informação se dá através da captação de dados sensoriais, da atenção concentrada nos dados selecionados e da percepção de seu significado, seguida da interpretação da informação propriamente dita.
Faz-se necessário perceber como é a organização e interpretação das vivências e informações que chegam até o indivíduo, através dos sentidos. A percepção é fundamental para o aprendizado durante a vida, assim como para a continuidade dos processos cognitivos, a partir das experiências obtidas e suas interpretações. Durante a vida de alguém as experiências são classificadas, selecionadas e assimiladas de acordo com o repertório de conhecimentos que este indivíduo acumula.
As sensações são o primeiro sentido; elas fazem a recepção imediata dessas informações através dos órgãos dos sentidos (audição, visão, paladar, tato e olfato), que são decodificados pela percepção, sendo este último responsável pela seleção e análise da sensação propriamente dita.
Além do contato físico, a percepção recorre às referências que possui o indivíduo para análise e interpretação da realidade. Fazem parte da percepção do sentido o vestibular, que proporciona o eixo de equilíbrio; e a cinestesia, que possibilita o sentido da posição e dos movimentos corporais do indivíduo. A sensação e a percepção são processos essenciais na dinâmica do comportamento, por serem responsáveis pela interpretação geral da realidade.
Se alguém, tal qual no Mito da caverna de Platão, não conhece outra realidade, não terá ele condições de adquirir outras referências pessoais, isto é, o conhecimento proporciona a saída da ignorância ao recepcionar novas formas, um novo mundo cheio de possibilidades onde o indivíduo acresce com suas particularidades interpretativas e experiências vividas numa nova forma de viver e conviver com outras pessoas contextos, experiências e realidades.
O processo da percepção constrói estas formas e decodificam os estímulos de acordo com esta conjuntura construída por cada pessoa, cada um de modo pessoal, peculiar às suas vivências, para poder interpretar os sinais neurais que o cérebro recebe e assim compreender a realidade a seu modo.
As informações sensoriais formam a rede a ser codificada pelo cérebrom através da transdução, que é o processo por meio do qual os receptores convertem os estímulos em impulsos neurais que levam as informações para serem processadas.
Muito embora o mecanismo psíquico de obtenção da informação seja o mesmo em todas as pessoas, a interpretação dos dados se dá de forma distinta em cada um, a depender de sua subjetividade. Acerca dessa questão, Braghirolli et al. (2004, p. 77) é enfático ao afirmar que: “Parece, assim, relativamente seguro supor que as diferenças na percepção das propriedades simples de estímulos físicos, fundamentam-se em diferenças de aprendizagem e de experiência anterior com esses objetivos”.
A educação, como processo de renovação e aquisição de informações, é um importante canal, através do qual o indivíduo tem a oportunidade de rever, renovar ou mudar este repertório, bem como sua resposta a estímulos e, principalmente, enriquecer o conjunto de informações a serem utilizadas por esse indivíduo na linguística, em sua dinâmica social e relacional. Enfim, o educando administra os conhecimentos adquiridos no processo educacional por meio de uma percepção que lhe proporciona as análises, compreensões e vivências, internalizadas de acordo com a sua concepção e todo o seu repertório de experiências vividas.
A experiência sensorial é condição fundamental para que se criem conceitos, adquira noção e análise do mundo, tornando-se mais apto a viver nele. A adaptação sensorial ao meio oferece condições de acesso às informações e aos seus significados permitindo, desta forma, respostas ao contexto social e, principalmente, às trocas relacionais que são as experiências cotidianas vividas entre os indivíduos, essenciais ao desenvolvimento humano.
Apesar da sensação e da percepção estarem relacionadas durante o processamento da interpretação, a primeira consubstancia-se no processo de captar e traduzir dados brutos, já a percepção se refere à seleção, organização e interpretação dos dados sensoriais para então atribuir significados e formular representações mentais úteis ao mundo. Desta forma, a sensação é tópica, enquanto a percepção investiga o sentido profundo, correlacionando-o com a experiência de cada um.
A partir de tais conceitos é possível começar a entender o que é aprendizagem, muito embora sua conceituação não seja unânime entre os estudiosos, uma vez que para formação de um conceito há necessidade do conhecimento pleno sobre o tema com pouca ou nenhuma margem de equívoco. Acerca desse assunto, Braghirolli et al. (2004, p. 119) afirma que: “A verdade é que a ciência não foi capaz de responder a uma pergunta bastante simples: o que acontece no cérebro de uma pessoa quando ela aprende alguma coisa? Supõe-se que deve haver uma modificação qualquer no sistema nervoso, cuja natureza não foi esclarecida”.
Assim, os resultados da aprendizagem, segundo os autores, são demonstrados através do comportamento, ainda que não aconteça de imediato e sim depois de algum tempo. Isto é, a aprendizagem é uma modificação que produz mudanças na conduta, nas variações de respostas aos fatos ou eventos ocorridos na vida de alguém. Estas respostas podem ser rápidas ou longas, repentinas ou demorar um tempo considerável para aparecerem.
A percepção é um instrumento relevante na aprendizagem porque elege os conhecimentos adquiridos, selecionando-os de acordo com as necessidades do indivíduo e da sua capacidade de absorção da experiência vivida.
Assim, o modo como uma pessoa comporta-se depende do que ela aprendeu utilizando a percepção como uma ferramenta indispensável na organização de suas experiências para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. Desde a mais tenra idade, tudo o que é vivido é importante na formação humana.
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